segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O doutor mão leve


BelezaO doutor mão leve
Cirurgião de famosos, o plástico Carlos Fernandode Almeida cultiva a moderação de resultados
A reputação de um cirurgião plástico se faz através do mais precioso dos meios, a propaganda boca a boca – sendo esta, em geral, impecavelmente retocada. Pergunte-se, por exemplo, às cariocas bem relacionadas sobre Carlos Fernando Gomes de Almeida e todas vão dizer que sabem quem é (admitir que usaram seus préstimos é mais difícil). Niteroiense de 50 anos, Almeida orgulha-se de ter operado "as mulheres mais importantes do Rio de Janeiro" – leia-se, entre as divulgáveis, Marieta Severo, Gloria Pires, Preta Gil – e de ter uma clientela internacional de peso, em que se destaca o visivelmente renovado vigor, aos 75 anos, do estilista italiano Valentino. Para os padrões das estrelas da plástica, seus preços são razoáveis. Uma cirurgia de mamas, redução ou prótese, varia entre 5.000 e 10.000 reais. Ele faz cerca de vinte operações por mês e seu consultório está sempre cheio. Costumava ir a cada dois meses a Paris e Nova York atender pacientes, "mas não vou mais, porque cansei". Como conquistou clientela tão qualificada? "Mulher de rico conhece rico", resume. Abrir um nicho como o dele exige talento. A cirurgia plástica brasileira está lotada de nomes importantes, impulsionada pela conjunção de cirurgiões habilidosos, mulheres dispostas a enfrentar o bisturi para melhorar o visual e preços relativamente acessíveis. Nesse universo, Almeida se destacou, tanto na própria opinião quanto na de suas pacientes, pelo que se poderia chamar de mão leve, uma espécie de intervenção sem excessos. "Eu não inventei nada de novo na cirurgia plástica. Mas tenho bom senso estético", afirma.
A atriz Paula Burlamaqui colocou silicone nos seios em 2001. "Escolhi o Carlos Fernando porque ele faz os melhores peitos que já vi", elogia Paula, que chegou ao consultório com a intenção de implantar no mínimo 300 mililitros de silicone e acabou, a conselho do médico, conformando-se com 175 – uma parcimoniosa exceção nesse mundo altamente inflacionado. "Se eu acho que não vai ficar bom, falo mesmo. Se a paciente insistir, digo para procurar outro médico", confirma Almeida, que ficou conhecido, em especial, pela cirurgia de lifting facial. "É muito difícil mudar o rosto sem mudar a fisionomia. Não se pode tirar muita pele, tem de esconder bem a cicatriz e evitar o liso artificial", enumera. Como o lisíssimo Valentino se encaixa no padrão Almeida de qualidade? O costureiro, que desembarcou no Rio em avião fretado para a cirurgia feita em 2004, passou duas semanas em recuperação no Copacabana Palace e foi embora feliz da vida, "não tem o rosto esticado; ele tem uma expressão que não favorece e passa essa imagem", garante o médico. Cobrir os pacientes de atenções também ajuda na reputação do cirurgião. "Quando coloquei silicone, meus peitos incharam muito. Ele pegou um avião e foi até Salvador ver como eu estava", relata Flora Gil. Em seguida, entusiasmada, Flora quis fazer uma lipoaspiração; Almeida achou que não era o caso e não fez. "Depois disso, indiquei o Carlos Fernando para boa parte de Salvador", diz a empresária e mulher de ministro.
Almeida é solteiro, mora sozinho num apartamento em Ipanema e adora roupas. Seu closet tem dez portas, ainda insuficientes para os mais de 100 pares de sapatos e tênis. Sem contar as Havaianas, que coleciona. Atribui o bom físico e a boa pele "à genética e à sorte". Jura que nunca fez plástica, não usa creme de espécie alguma ("Tenho horror a hidratantes"), não faz esporte e fumava dois maços de cigarros por dia até dois anos atrás. Reza antes de cada operação e tem os bolsos lotados de terços, crucifixos e santinhos. Diverte-se com as manobras diversionistas das pacientes que chegam de peruca e óculos escuros e pedem para ser chamadas de nomes falsos ao telefone. Mas é compreensivo: atende as ressabiadas fora do horário comercial e seu consultório tem, sim, uma movimentada entrada pelos fundos
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