Por Márcia Pereira
Ninguém duvida do talento de Gloria Pires, 45 anos, e Tony Ramos, 60, nem de Daniel Filho, 71. Mas quando o diretor convidou os dois para fazer a continuação da comédia Se Eu Fosse Você, sucesso de bilheteria em 2006 que levou 3,6 milhões de pessoas aos cinemas (e ganhou o prêmio de Melhor Filme, segundo o júri popular, no 2º Prêmio Contigo! de Cinema), pintou uma pontinha de desconfiança. Será? ''Filmar seqüências é uma característica do cinema americano. No nosso mercado isso não é comum. Mas Daniel disse que tinha uma história boa e quando ele nos falou qual era, nossa, que delícia!'', conta Tony.Realmente, ele estava certo em depositar crédito em Daniel, ''dono'' não só do set, mas também do argumento dos dois filmes. Algumas piadas até se repetem, mas quem se cansaria de ver Tony se rebolando para encarar a rotina de Helena ou Gloria destilando a impaciência de Claudio? Se Eu Fosse Você 2 tem a mesma graça e fôlego do primeiro - aliás, é bom estar com o músculo abdominal em dia, porque a barriga vai doer de tanto rir! -, no qual marido e mulher acordam com os corpos trocados. A seguir, o que Gloria, que deixou a família em Paris para rodar o longa, e Tony falaram de Se Eu Fosse Você 2, que estréia na sexta-feira (2).Tony RamosPegando carona no filme, se fosse mulher, o que faria que não faz por ser homem?Nunca invejei nada da ou na mulher. Quando a minha mãe se separou do meu pai eu tinha apenas 3 aninhos e então eu fui criado por ela e pela minha avó, mãe dela. Aprendi muito, convivendo com elas, sobre o universo feminino. Aprendi que devemos ter um grande respeito pelas mulheres, por tudo o que elas fazem. Por isso, nunca quis fazer nada que uma mulher faça. E sou bem-resolvido como homem e como eu sou, com meu nariz adunco, meus pêlos, minha idade. Meus cabelos brancos. Poucos, aliás.Qual sua seqüência mais hilária no filme?A do futebol já é um clássico. As pessoas morrem de rir mesmo. O pessoal até perde as piadas, porque não consegue parar de rir da anterior.Realmente, o filme é muito divertido. E parece que vai ter um terceiro. Pelo menos é o que se conclui ao ver a dica que o Daniel Filho deixa no fim...Ah é. Aparece ''Se Vovó Fosse Vovô''!. Pois é, eu não sabia que ele ia fazer isso. Quando vi, perguntei para ele: ''Que é isso, Daniel?''. E ele respondeu, rindo: ''Ah, eu joguei no ventilador''. Perguntei se ele pensava mesmo num terceiro filme e ele disse que preferia curtir os próximos filmes (os dois acabaram de rodar Tempos de Paz e Daniel vai filmar a cinebiografia do médium Chico Xavier) e que depois pensaria nisso.Outra cena sua que impressiona é a da depilação. Foi a sério aquilo?Tem momentos de pura realidade ali, sim. Alguns pêlos foram realmente arrancados, com cera.Ui!! E doeu?Não. Só um pouquinho...Que feio, desdenhando do sofrimento feminino...A idéia não era arrancar todos os meus pêlos. No fim, tem um efeito gráfico, feito posteriormente no laboratório.No longa, a gravidez na adolescência é abordada. Você e sua mulher (Lidiane) passaram por isso na família?Quando nossos filhos entraram na adolescência, eu e minha mulher, que é uma sábia, sempre dizíamos: ''Olha, fazer sexo, ter alguém, beijar, dar uns amassos é uma delícia, mas se previnam!''. Nunca deixamos de discutir esse assunto com a abertura e a alegria que tem de ter. Até porque não se deve falar de sexo com culpa. Então, conosco, nunca aconteceu (gravidez indesejada).Que mulher gostaria de ser: a próxima primeira-dama americana, Michelle Obama, a primeira-dama da França, Carla Bruni, a chanceler alemã, Angela Merkel, ou a top model Gisele Bündchen?Ah, nenhuma dessas. Eu queria ser a Barbra Streisand. Bela cantora, bela atriz e bela diretora.Gloria PiresDeve ter se divertido e se encantado com o roteiro, para deixar Paris e vir ao Brasil rodar o filme. Qual a maior dificuldade de filmar aqui, morando na França?Eu me diverti muito. Mas o filme ia ser feito antes de eu me mudar para Paris. Só que o Daniel não gostou do primeiro tratamento do roteiro e as filmagens foram adiadas para abril de 2008. Foi complicado deixar a família em Paris e vir filmar sozinha. Foi triste, mas passou. E o filme taí, é muito bacana. Imagine que eu não ia fazer (o filme).Há algumas semanas, Daniel Filho disse que você estava tão adaptada a Paris que achava que não voltaria mais para o Brasil. Você vai virar parisiense de vez?(risos) Não sei. Não tem como prever isso. Por causa do visto que o governo francês concedeu ao Orlando - o músico, marido de Gloria, ganhou o Visto de Permanência Competências e Talento -, temos permissão de morar e trabalhar na França por três anos. Queremos ficar o máximo possível e estamos nos organizando para ficar os três anos (em fevereiro faz um ano que Gloria, Orlando, Antônia, 16, Ana, 8, e Bento, 4, se mudaram para a capital francesa). Mas em 2010 estou por aqui para fazer a nova novela do Gilberto Braga.A gravidez na adolescência é tratada pelo filme. A possibilidade de isso acontecer com sua filha adolescente, Antônia (de 16 anos), por exemplo, a assusta?Lá em casa não há assunto proibido. As meninas têm toda a liberdade de falar com o pai, que também é superaberto e ótimo conselheiro. Não tem por que uma gravidez indesejada acontecer na nossa família. As meninas não são bobas, são informadas, sabem que está na mão delas engravidar ou não. E também sabem que têm de se proteger de doenças.Gostaria de vê-las casadas na igreja?Acho que as pessoas têm de procurar sua forma de serem felizes. Eu respeito demais isso. Se quiser casar na praia ou na igreja, vou ficar feliz. Se não quiser casar, também vou ficar feliz. Se elas estiverem felizes, também fico.Você disse na entrevista para divulgar Se Eu Fosse Você (em 2006) que não gostaria de ficar no corpo de um homem, mas que adoraria ter as pernas do Orlando Morais. Ainda inveja as pernas dele? E que parte do corpo de um homem não lhe agrada?As pernas do Orlando são lindíssimas mesmo. São as mais bonitas da casa dele (risos). Ele foi atleta, jogador de vôlei. Eu acho que aquele pomo-de-adão proeminente é bem dispensável. Sempre achei muito estranho. Qual a sua serventia? Nunca entendi o porquê dele. Mas tenho notado que os homens não o têm mais tão saliente.
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